(Foto: Marcos Corrêa) |
Enquanto muitas cidades e capitais do país estão aprendendo a conviver sem as sacolas plásticas convencionais, em Poços essa medida foi apenas sugerida e posteriormente barrada por interpretações jurídicas e até pelas reticências culturais de alguns comerciantes.
A proposta de substituir os sacos e sacolas plásticas por material biodegradável partiu do vereador Tiago Cavelagna (DEM), que apresentou um projeto na Câmara em 2009. Na época, o parlamentar fez alguns estudos que envolveram a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária (Acia) e supermercadistas do município. Na ocasião, acertou-se que essa mudança seria feita de forma gradativa.
Vereador Tiago Cavelagna (DEM) apresentou projeto na Câmara em 2009. Na época, ficou decidido que mudança seria feita gradualmente |
“A intenção era avaliar como o consumidor iria reagir à substituição da sacola plástica. Mesmo a lei não tendo sido aprovada ainda, eu fico muito feliz quando entro em algum estabelecimento que já fez a troca ou que está incentivando o uso de sacolas retornáveis, isso mostra que minha proposta já começou a despertar a consciência mais ecologicamente correta, cumprindo pelo menos o papel educativo”, relata.
Segundo o vereador, para que a lei possa dar certo, é preciso uma mudança de comportamento e de cultura. Nos locais onde as sacolinhas plásticas convencionais já foram banidas, o que se percebe é que a medida é bastante positiva. Para Cavelagna, no Brasil criou-se a cultura de que as sacolas não são um produto e sim um serviço que o estabelecimento é obrigado a prestar aos consumidores.
“Que bom que esse assunto voltou a ser discutido e agora de forma até mais radical porque tenho certeza que isso trará muitas melhorias para nosso meio ambiente”, explica.
Já que em muitas cidades e capitais foi proibido o uso de sacolas plásticas, o vereador disse que pretende rediscutir o assunto para que Poços possa dar exemplo. Cavelagna citou que na lei da cidade de São Paulo fica proibida a venda e distribuição de sacolas plásticas. Apenas a sacola biodegradável está disponível para compra nas prateleiras.
“O que a gente observa é que, para o consumidor, quanto mais sacolas ele levar para casa, é melhor. Só o fato de forçá-lo a diminuir o número de sacolas que ele leva e até pagar por ela já faz com que se comece a repensar. É preciso que haja conscientização, usar outro tipo de embalagem para levar o que se compra. O difícil é convencer a dona de casa a voltar a usar a lata de lixo. Os próprios lixeiros não estão mais habituados com aqueles antigos sacos de lixo preto, ou com os tambores. Hoje a sacolinha é sinônimo de praticidade, mas os danos que elas causam ao meio ambiente são incalculáveis”, coloca.
Como ex-diretor do DMAE e engenheiro sanitarista, Cavelagna disse que pode falar por experiência própria sobre o quanto as sacolas plásticas são danosas ao meio ambiente. Ele explica que, infelizmente, consumidores ainda acreditam que fazem sua parte pelo simples fato de se colocar o lixo na sacola, dar um nó forte e deixar para ser recolhida pelo lixeiro.
“É uma mentalidade que precisa ser corrigida. Enquanto cidadãos, temos sim que ter consciência e saber aonde esse material vem sendo descartado, qual a forma menos agressiva de darmos vazão ao nosso resíduo sólido sem que ele agrida o meio ambiente”, conclui.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Poços de Caldas (Acia) Benedito Coutinho de Almeida lembrou que no passado, quando esse assunto foi discutido, os donos de supermercados entendiam que não era o momento dessa substituição já que isso poderia gerar custos que consequentemente seriam repassados aos consumidores
“Agora esse assunto virou alvo de uma discussão nacional e várias cidades e capitais estão fazendo essa substituição. Já que o assunto vai voltar a ser discutido na Câmara, vamos nos reunir com os donos de supermercados e lojistas para discutir o assunto e levar sugestões”, relata.
Para Coutinho é importante que Poços comece a participar desse movimento nacional em prol do meio ambiente. Ele ressalta ainda que por ser uma cidade turística e reconhecida pelas suas belezas naturais é preciso dar exemplo. “O turista hoje já cobra uma mudança de postura e acredito que em breve, em todo país, a sacolas plásticas serão banidas”, conclui.
SACO SIM, SACOLA NÃO
Por que elas são vilãs?
Além de demorarem uma eternidade para se decompor (de 300 a 400 anos), as sacolas matam, por ano, 1 milhão de animais marinhos em todo o planeta. Eles morrem ao engolir o plástico.
Prejuízo em números
No período de um ano, são consumidas até 1 trilhão de sacolas plásticas no mundo. Só no Brasil, são 33 milhões por dia ou 12 bilhões por ano.
Recicle
Sim, a sacolinha pode ser reciclada e virar plástico para brinquedos, material de construção ou outras sacolas. Lave cada uma e separe para despachá-las na coleta seletiva.
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